Candidato à Presidência pelo PSL, o paulista Jair Bolsonaro, 63 anos, chegou neste domingo (28/10) ao 2º turno da eleição como o favorito para conquistar a faixa presidencial, segundo todas as pesquisas. Com mais de 94,44% das urnas apuradas, Bolsonaro foi, matematicamente, considerado eleito. Ele é o 1º militar eleito por voto direto em mais de 7 décadas.
O último foi Eurico Gaspar Dutra, eleito em 1942. Outros 5 militares governaram o país no período da ditadura militar (1964-1985), mas não foram eleitos pelo voto popular. Naquele período, vigorou no país 1 sistema em que 1 colégio eleitoral dominado pelos militares decidia quem comandaria o Brasil.
Natural de Campinas (SP), Bolsonaro concorre ao Planalto pela 1ª vez. Cumpre o 7º mandato como deputado federal pelo Rio de Janeiro. Tenta romper com a sequência de 6 pleitos vencidos por PT ou PSDB.
Em uma campanha marcada pela disputa de discursos nas redes sociais, Bolsonaro recusou os meios tradicionais de se promover durante a corrida.
Recusou ir a debates na televisão, criticou os veículos de imprensa consolidados e captou a maior parte de seus recursos por vaquinhas virtuais.
Mas a internet também foi uma pedra no sapato do candidato. Poucos dias antes do 2º turno, uma reportagem da Folha de S. Paulo afirmava que empresários pró-Bolsonaro contrataram empresas para disparar mensagens contra o PT. O militar rebateu as críticas e disse ser a maior vítima de notícias falsas.
O candidato passou o 2º turno encastelado em sua casa no Rio de Janeiro, parte por recuperação de uma facada levada durante ato de rua, parte por estratégia política.
Com 1 discurso antipetista, utilizou como slogan o “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”, que mostra o tom conservador do candidato e o apelo ao público religioso, principalmente os evangélicos.
AMPANHA E REDES SOCIAIS
Bolsonaro manifestava o desejo de se candidatar ao Planalto há alguns anos. Em 2017, intensificou a busca por 1 partido que desse abrigo a essa intenção. Filiado à época ao PSC, quase fechou com o Patriota. Em março de 2018, foi para o nanico PSL.
Com recursos ínfimos da sigla e poucos segundos do tempo de televisão, o militar se movia nas redes sociais. Em janeiro deste ano, Bolsonaro já era o candidato com maior número de seguidores no Facebook e no Instagram e registrava forte crescimento.
Em vídeos curtos, a maioria com edição simples, ele compartilhava manifestações de usuários das redes e mensagens com suas opiniões.
O candidato também apostava em viagens pelo Brasil. Mesmo antes do início oficial da campanha, o capitão da reserva participava de eventos e promovia sua chegada a aeroportos pelo país, numa forma de atrair o público e depois exibir o apoio na internet.
Na busca por votos, acentuou as passagens pelo interior de São Paulo, reduto eleitoral do adversário tucano Geraldo Alckmin, e pelo Nordeste, tradicionalmente ligado a governos petistas.
Sem alianças e com desconfiança do establishment político-econômico, Bolsonaro teve dificuldades para firmar acordos com outras siglas. Contava com poucos palanques nos Estados e pouca estrutura partidária.
O militar queria o senador Magno Malta (PR) como candidato a vice. O senador não aceitou e a aliança com o PR ficou prejudicada. Outras opções, como general Augusto Heleno (PRP) e Janaína Paschoal (PSL), também não deram certo, seja por discordância das siglas ou pela recusa dos cotados à vaga.